segunda-feira, 26 de maio de 2008

Da série: qualquer semelhança não será mera coincidência!

Desenho de Leopold Bloom feito por Joyce em Trieste (1911)

Leopold Bloom, é um das personagens mais deslumbrantes já concebidas pela imaginação humana. Talvez ele seja uma das poucas coisas agradáveis que encontramos à primeira leitura de "Ulysses". Indiferente à religião e à política, desprovido de ambição, "Poldy" (como é carinhosamente conhecido) é prudente, comedido, levemente pessimista, mas não infeliz. É imune a ira, ao ódio, à inveja, à malícia e, acima de tudo, é gentil e generoso com todos. Trata-se da pessoa mais sensata e humana da literatura joyceana, só comparável ao admirável Tio Toby, de Tristan Shandy, romance de autoria de Laurence Sterne que Machado de Assis adorava. Mas o que quase ninguém sabe é que Leopold Bloom realmente existiu e foi um dos melhores amigos de James Joyce, que o conheceu na cidade italiana de Trieste onde, para sobreviver, dava aulas de inglês. Muito se tem especulado porque Joyce escolheu como herói de sua Odisséia um judeu. Existe até uma teoria sobre a origem fenícia, semítica, da epopéia. Todavia isso não explica por que a personagem Leopold Bloom era um judeu oriundo da Europa central. Ora, a explicação é muito simples: Bloom era judeu porque Italo Svevo era judeu, ou seja, Leopold Bloom e Ítalo Svevo são a mesma pessoa. Isto foi dito pelo próprio Joyce, que no ano de 1911 conheceu Svevo, quando este se inscreveu no seu cursinho de inglês. Foi uma amizade instantânea e eterna. Cada um dos dois aprendeu muito com o outro. Svevo, que até então era um escritor ignorado, encontrou em Joyce seu leitor mais entusiástico, que acabaria até bancando a publicação dos seus primeiros romances. E Joyce além de descobrir nele uma nova forma de escrever, acabou encontrando seu personagem mais notório. E assim repetiu-se a eterna mímesis que existe entre a vida e a arte.

Um comentário:

DIARIOS IONAH disse...

que informaçao interessante!