Monteiro Lobato conquista leitores desde que começam a ler, e conquista-os com graça e estilo. Sua estréia na literatura foi retumbante: Urupês foi citado por Rui Barbosa, que chamou atenção para a personagem Jeca Tatu - arquétipo do brasileiro esquecido em seu atraso e miséria.
Sua arte de narrar filia-se a linha tradicional: enredos cativantes, com princípio, meio e fim. Histórias que se possa contar e que interesse ao ouvinte. Mestres: Maupassant e Kipling, segundo confissão do próprio. Dessa inclinação e preferência, dizem os críticos, nasceu as fraquezas de sua ficção; a saber: superficialidade, predomínio do exterior, do episódico ou anedótico. Em vão procuraremos revelações da alma humana, conflitos, mistérios. Tudo escasso.
Mas não se pode negar-lhe arte técinica no gênero, ele sabe armar situações, manejar a narrativa. Neste sentido, sua linguagem merece uma referência à parte: Monteiro Lobato que era também desenhista ocasional e sonhava em ser pintor, acabou desenhando e pintando com palavras. Daí o gosto pelas descrições e retratos, o senso das proporções e o colorido.
Acrescente-se a isso certo rebuscamento, certo purismo na escrito - talvez um complexo decorrente de uma reprovação em gramática, na época em que fazia o curso secundário. Rebuscamento que até hoje provoca restrições críticas ao mérito estritamente literário de sua obra.
Este mérito é contudo inegável pelo estilo vigoroso e pessoalíssimo, por muitas páginas verdadeiramente antológicas e, sobretudo, pelos textos infantis, que são os mais importante em língua portuguesa. Afinal ninguém tem um sítio tão fascinante e lúdico quanto o de Lobato.
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