Há exatamente trinta anos atrás, morria na aldeia de Omonville le Petit, na França, o surreal e multimidia homem de letras Jacques Prévert. Escritor, dramaturgo, roteirista e poeta das crianças, Prévert através dos seus textos e peças deu um toque de mágica à reflexiva e engajada literatura francesa do século XX. Lúdico em toda sua obra, Prévert empreende a busca surrealista pelo fantástico, com a criação de uma realidade de liberdade, amor, poesia, sonho e revolução. Por causa de seu humor (subversivo), ele figura na "Anthologie de l’Humour Noir", organizada por André Breton. De Prévert, Breton seleciona “Tentative de description d’un dîner de têtes à Paris-France”, poema que abre Paroles, sua principal obra poética.
Assim como o nosso Vinícius de Moraes, Prévert era um poeta boêmio e gostava de compor músicas. De sua autoria é a famosíssima canção "Les Feuilles Mortes", que se tornou um clássico na voz de Ives Montand. Mais tarde, Serge Gainsbourg compôs uma música chamada "La chanson de Prevért" que faz referência à composição do mesmo.
Inquieto e fecundo, Prévert também trabalhou no cinema e foi autor de inúmeros roteiros, nomeadamente para Marcel Carné (DROLE DE DRAME, QUAI DES BRUMES, LES VISITEURS DU SOIR, LES ENFANTS DU PARADIS), Jean Renoir (LE CRIME DE MONSIEUR LANGE) ou para o seu irmão o ator Pierre Prévert (L'AFFAIRE EST DANS LE SAC).
Quando morreu, aos 77 anos, sua obra já era uma referência na literatura francesa e mundial. Em um dos mais belos poemas de Fatras, "La veille au soir", são as crianças que ao sonhar sopram apagando a vela do vigilante da noite e dos sonhos. Eis o poema:
La veilleuse du surveillant s'est éteinte
Et le surveillant dans la nuit
S´est éteint aussi
Les enfants en rêvant
Avaient soufflé sur lui.
(Prévert, 1976).
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