quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Cecília em poesia e prosa...

No mistério do sem-fim
equilibra-se um planeta.
E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,

entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta

Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade.(...) Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano.
Cecília Meireles

3 comentários:

Flavia disse...

Eu sou mais Clarice... mas Cecília tb me escreve:

"deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão."

Lindo blog!

Badá Rock disse...

A poesia sempre foi difícil para mim. Porque até hoje não tenho muito senso entre o relativo e o absoluto, e me confundo.
Ach osempre que há exagero e mentira na poesia, mas esqueço que a arte é uma lente de aumento, que seu intuito é exagerar para que possamos ver, para que saiamos do óbvio e do medíocre.
E Cecília é um nome bonito. Ela de fato irradiava beleza. Parabéns pelo belíssimo post.

DIARIOS IONAH disse...

ela simplesmente eh maravilhosa.
deu blog como sempre muito bom!